29.12.10

Breve balanço de 2010

Escrever um texto de balanço de ano nunca é fácil, ainda mais em se tratando de um coletivo político de atuação dentro de um partido político – PT. São vários os elementos a serem levados em consideração, o contexto político, as atuações individuais e a sintonia do grupo. Apesar das dificuldades, optamos em escrever este texto para ver onde de fato estamos avançando e onde estamos estacionados e com isso analisar a real contribuição do núcleo Carlos Mariguela ao conjunto do Partido dos Trabalhadores – PT.

O Núcleo surge no ano de 2000, formado majoritariamente por professores e alunos da rede estadual de ensino com o propósito de discutir política. A partir deste grupo surge a idéia de fundar o cursinho Comunitário Pimentas em janeiro de 2002. Deste grupo surge a idéia de lançar a então professora Marisa de Sá a vereadora em 2004 e em 2008 lançar o professor Rômulo a vereança.


Em janeiro desse ano – 2010 – o núcleo foi reformulado com o objetivo principal de ser um espaço de formação política e de intervenção em assuntos dentro do PT, algo que julgávamos estar em falta no partido até aquele momento.


No que diz respeito à formação política fizemos três atividades consistente de formação, com três quadros do PT. A primeira atividade foi em 27 de março com o ex-prefeito de Guarulhos Elói Pietá. Foram expostas as principais linhas do programa de Governo da então presidenciável Dilma Roussef. A segunda atividade realidade foi em 15 de maio com o professor da USP André Singer que discorreu sobre o fenômeno do lulismo, bem como os desafios do PT em ser uma referência de socialismo na sociedade brasileira no século XXI. E por fim, no dia 14 de agosto o professor da USP José Carlos Vaz apresentou o Plano Nacional de Banda Larga, inserido dentro do contexto de redes sociais, juventude e inclusão social.


As três atividades foram um sucesso de público, ocorreram sempre aos sábados no período da tarde, mostrando que as pessoas- militantes ou não - têm interesse em discutir os rumos do partido. As discussões sempre ricas e profundas sobre os rumos do socialismo no partido mostraram definitivamente que quando se há espaços para reflexão as pessoas discutem.


Das três atividades duas contaram com professores universitários, além do fato de boa parte dos integrantes do núcleo ser universitários, o que facilita a interlocução com tais professores, temos a preocupação constante de aproximar o PT da intelectualidade para com isso potencializar espaços de reflexão crítica, algo que o partido foi perdendo a medida que sua agenda prioritária passou a ser ganhar as eleições.


O núcleo reformulado, ganha força política para continuar sua empreitada. Entretanto, muitos obstáculos devem ser ultrapassados. O primeiro refere-se a falta de clareza dos dirigentes do partido em ver espaços de reflexão como momento estratégico para formular politicamente e aguçar o senso crítico sobre as práticas partidárias. O segundo obstáculo, ligado ao primeiro, é que deixamos para segundo plano tais momentos, nossas vidas estão cada vez mais sendo sugada por lógicas de disputas por espaços no partido ou atendendo demandas pontuais.


O PT para continuar a ser um partido que dialogue com os movimentos sociais, setores progressistas da sociedade, intelectuais etc deve ser um partido que resista a ser uma máquina eleitoral como os demais, para tanto espaço de reflexão torna-se fundamental para isto.

Um comentário:

  1. É uma pena que o Partido esteja perdendo esta característica de organização de base em forma de núcleos. Grande parte dos membros atuantes do PT hoje, ou se reúnem em torno de mandatos, ou em torno de algumas lideranças apenas com o intuito de organizar disputas - sejam internas ao partido, sejam em entidades da sociedade civil como Conselhos - ou mesmo, apenas para planejar e organizar projetos meramente eleitorais.

    Poucos são os grupos que se reúnem para discutir os rumos da política nacional ou local. Os núcleos deveriam existir dentro do partido como espaços de organização da esquerda. Estranho isso, né, "organização da esquerda", mas infelizmente esse é o termo. O PT hoje é um partido composto, apenas em parte, por membros realmente de esquerda, realmente socialistas. Infelizmente há um número relativamente grande no partido de quadros fisiológicos, ou mesmo com uma visão política mais afinada com o mercado, com o capital, o que por diversas vezes, sobretudo no Governo Lula, se chocou com as posições do grupo mais à esquerda do partido, que por sinal, só encolheu nesse período.

    Ou reorganizamos a esquerda dentro do Partido em torno de projetos de sociedade (não simplesmente em torno de disputas por espaço de representação), ou cada vez mais o PT perderá sua característica inicial, deixando de lado os aspectos ideológicos e tornando-se cada vez mais parecido com a maioria dos outros partidos.

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