30.10.11


Direito a Saúde e a importância do programa Saúde Participativa
            
     Historicamente, a saúde, enquanto direito, é publicada pela primeira vez na Declaração Universal dos Direitos do Homem na Assembléia Geral das Nações Unidas, em 1948, onde o estado de bem-estar é dado por uma série de direitos sociais, dentre eles o direito a saúde. Na constituição da República Federativa do Brasil (1988), de acordo com o Art. 196, 


"A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação" (CF. 1988).
           
 Aqui no Brasil com o advento da constituição de 1988 a população passou a contar com mecanismos de participação na formulação de políticas públicas. Desta maneira, a população acabou podendo influênciar nas políticas sociais, dentre elas na saúde. O mecanismo criado para possibilitar esta participação é o saúde participativa que permite ao cidadão opinar e decidir sobre os orçamentos públicos na área em questão. De acordo com os preâmbulos da constituição da república de 1988 também se encontram diversas previsões de participação.
                ´´Art. 37, § 3º, possibilita ainda a criação de outras formas de participação do usuário na administração pública. Há também a possibilidade da participação popular no processo legislativo, através de audiências públicas  e reclamações contra atos das autoridades, nas comissões  das casas legislativas, previstas no Art. 58, II e IV, bem  como a participação diretamente  na produção de leis, através da iniciativa popular prevista no Art. 61,  § 2º. Possibilitando a atuação do cidadão enquanto fiscalizador da conduta do administrador, prevê o Art. 74, § 2º. Disciplina também a participação popular na gestão em iniciativas relacionadas à seguridade social (Art. 194, VII); da comunidade em relação às ações e serviços de saúde``(CF.1988).
Segundo Robert A. Dahl o Homo civicus possui recursos como exemplo o voto, que é utilizado para obter seus objetivos, mas que dificilmente irá ter como principal objetivo a atividade política. Com isso, o Homo civicus utiliza os seus recursos para influenciar as ações do governo mas, depois de conseguir o que deseja, retorna a atividades não políticas. Desta maneira, Robert Dahl afirma que “O homo civicus não é, por natureza, um animal político”.  Sendo assim, o programa saúde participativa é uma ótima oportunidade para que o homo civicus se expresse e que contribua para que as ações do governo sejam eficazes e que possam atender todas as demandas necessárias para melhorar o bem estar da população.
            De acordo com Lenaura Lobato existem matrizes teóricas que ajudam no processo de formulação de políticas públicas, sendo que umas delas é chamada de pluralismo, na qual consiste como sendo o jogo de forças empreendido por diferentes grupos de interesses que, atuando junto ao governo, procuram melhorar os benefícios e reduzir os custos para a população. Desse modo pode-se observar que no programa saúde participativa as pessoas podem e devem se organizar e formar grupos de interesses, pois essa mobilização é essencial para que as políticas públicas sejam feitas pelo poder do povo, sendo que a maioria do movimento da política se dá em torno de grupos fazendo pressão sobre o governo, pois através dessa pressão a população vai obter êxito e atingir as prioridades desejadas.
Segundo Norberto Bobbio o pluralismo propõe como modelo a sociedade composta por vários grupos ou centros de poder, desta forma admite uma pluralidade de partidos políticos, com iguais direitos ao exercício do poder político. E de acordo com Robert A. Dahl o pluralismo é uma oportunidade de que se tenha um ambiente democrático favorável á participação popular, no qual esses grupos se organizam e influenciam as ações do governo.
            Sendo assim, o programa saúde participativa é uma janela de oportunidade para a população expor os seus problemas e reivindicar os seus direitos, sendo utilizado como uma ferramenta para relatar suas reivindicações, críticas e propostas que possam melhorar os serviços do sistema municipal de saúde. Desse modo o programa saúde participativa tem como principal objetivo buscar identificar as prioridades de cada bairro e debater ideais que servirão para orientar as ações do governo na área da saúde nos próximos anos.

Jéssica Daiane                                                                                                   
Graduando em Gestão de Políticas Públicas - USP 

Um comentário: