20.5.10

Atividade com o cientista político André Singer

Neste último sábado, o Núcleo Carlos Marighella dando prosseguimento ao ciclo de debate e formação política recebeu no Espaço do Alvorada o cientista político e professor da FFLCH/USP André Singer que apresentou as ideias de seu último artigo “As raízes sociais do lulismo” e fez importantes provocações.

O encontro fui muito produtivo e trouxe questionamentos importantes para pensarmos o PT que temos e o PT que queremos, pois como bem comentou o professor André Singer, o Partido dos Trabalhadores foi contruído em um cenário permeado por tensões e crises e afirmou-se como um partido de esquerda buscando romper com o capitalismo e as desigualdades sociais provocadas por esse sistema. Nossos companheiros, desde então, pautaram ações socialistas e fizeram duras oposições ao governo neoliberalista que afundaram nosso país em dívidas, privatizações e outras ações.

Em 2002, depois de uma longa trajetória e acirrada disputa, o companheiro Lula vence as eleições presidenciais e inicia um caminho promissor para o Brasil. Sem dúvidas, nosso presidente criou ações e formulou políticas públicas importantes para o desenvolvimento do país e que contribuíram significativamente para a diminuição das desigualdades sociais existentes. Podemos citar diversos exemplos: como os programas de distribuição de renda, a ampliação das universidades públicas federais e etc. Todavia, o que nos inquieta nesse contexto é a maneira pela qual essas ações foram implementadas, sem gerar confronto com o principal causador dessas disparidades, com o principal responsável pela exclusão e marginalidade, ou seja, cadê o nosso caráter socialista e o rompimento com o capitalismo?
Não podemos negar a efetividade dessas iniciativas, mas é preciso ir além, questionar suas contradições e debater amplamente com todos que atuam e acreditam no partido suias complexidades e possibilidades, como nos inspirou André Singer e outros militantes presentes. Visando superar esses desafios e alimentar nossa atuação socialista, para que tenhamos cada vez mais uma postura de esquerda, que vá além da redistribuição mais que toque a raiz desses problemas, é preciso novos graus de ousadia, claro que tudo isso exige responsabilidade, como bem apontou Singer, pois toda ação deve ser planejada e implementada com atenção aos diversos setores e segmentos.
Nesse sentido temos uma longa jornada pela frente, pois nosso descontentamento não deve nos desanimar, mas “reacender a chama”, parafraseando nosso companheiro Wolf, dos nossos anseios por um país mais justo e solidário. Por isso temos que rever nossas alianças, sem por um lado, comprometer nossa governabilidade e, sem por outro, ferir nossa ideologia socialista. É preciso também, construir uma agenda política com os diversos movimentos sociais e mobilizar nossos quadros e bases para um debate e ações conjuntas que resgatem nossa postura e demonstrem nossas opiniões, pois só assim podemos frear aquilo que julgamos inadequado e reafirmar nossa postura de esquerda. Afinal, nossos princípios não podem se perder, é preciso novas mobilizações junto ao partido que é nosso em todos os sentidos, inclusive o da mudança!

Bárbara Sá

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