13.2.10

Política Cultural


Um Mandato Popular e de Esquerda não pode pensar em cultura se não como um processo de produção coletiva de conjuntos de significados que nos permitem entender o mundo em que vivemos e interagir conscientemente com as pessoas, a natureza e os objetos ao nosso redor. Deixar essa concepção escapar é entregar de bandeja a consciência coletiva nas mãos de empresários, propagandistas e marketeiros, cujas preocupações para com o desenvolvimento humano são a mesma de uma boneca Barbie.
Em qualquer sociedade cindida, na qual existam dominantes e dominados, exploradores e explorados, ricos e pobres, donos de empresas e trabalhadores, as ideias correntes, ou melhor, o pensamento dominante é o pensamento dos dominadores. E a ideologia dominante pode se resumir em transformar todos os cidadãos políticos em “cidadãos” consumidores, não é por acaso que as pessoas ficam cada vez mais felizes quando estão comprando e cada vez mais frustadas quando não podem comprar (mesmo que não exista necessidade nenhuma em comprar determinada mercadoria), não é por acaso que ao olhar para os lados percebemos que tudo esta virando mercadoria – a saúde, a educação, a segurança e até nós mesmos.
Com a cultura não é diferente. Esta é transformada em espetáculo pela ideologia dominante, ou seja, a cultura passa a ser entendida como um produto a ser exposto e, obviamente, vendido. Daí vem a cultura de massas, a padronização dos gostos culturais (artísticos) para que se possa vender mais e obter mais lucros. Mas não é só isso, a cultura (arte) também é utilizada, pela publicidade, como ferramenta para vender outras mercadorias (refrigerantes, roupas, candidatos políticos...), ou pelos próprios políticos quando querem se promover através dos eventos culturais de massa. Saindo um pouco dessa visão limitada de cultura, podemos dizer que vivemos uma cultura do consumo, inclusive consumindo a cultura.
A cultura não é para ser consumida, é para ser vivida. E o papel fundamental dos governos de esquerda é o de se desfazer do pensamento dominante e dominador sobre cultura, trazer a liberdade para a cultura e implantar uma cultura da liberdade. Liberdade das pessoas entenderem os símbolos que mediam as interações humanas, as relações de poder, as relações econômicas, as relações familiares, de amor..., ou seja, é preciso ter consciência de nossa própria formação cultural. Os partidos de esquerda devem olhar para a cultura de uma forma mais atenciosa, deve pautar a luta pela hegemonia na sociedade. A cultura é o caminho para a emancipação humana. 
(Darlan Cavalcanti)

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