No dia 18 de agosto ocorreu um evento de lançamento do programa "Brasil sem miséria". O cerimonial contou com a presença de todos os governadores do sudeste e da presidente Dilma. Apresento aqui algumas percepções que tenho tido sobre a movimentação política dos tucanos no estado de São Paulo. Recomendo sobre o caso específico do lançamento de tal programa um excelente artigo na carta maior do professor da USP Wagner Iglecias intitulado "A paternidade do Bolsa Família e a orfandade da velha classe média"
O que chamou atenção no lançamento desse programa "Brasil sem miséria", que seria mais um cerimonial de políticos de partidos diferentes sob a batuta do republicanismo em prol do combate a miséria, foi o fato do evento ter se tornardo um exemplo de como está as movimentações das forças políticas. Na atividade, o governador de São Paulo Geraldo Alckmin elogiou muito os programas de combate a pobreza, algo estranho, haja vista que o eleitorado Demo-tucano vê o programa como uma espécie de “bolsa esmola”. Além disso, chamou a atenção os fortes elogios que o tucano fez a presidente Dilma.
Alguns elementos devem ser levados em consideração sobre este (novo?) comportamento tucano. Há uma clara e objetiva falta de projeto político e, por conta disso, de discurso para se contrapor ao projeto implantado pelo governo Lula e em prosseguimento pela presidenta Dilma. O PSDB percebeu que as políticas sociais tornou-se algo fundamental na agenda e no debate público, por conta disso passou a defender, a despeito de sua base eleitoral paulista, programas sociais, tais como o Bolsa Família e o, agora, "Brasil sem miséria".
Além da falta de discurso de oposição, o governador Alckimin almeja se tornar uma liderança nacional do PSDB, que está sendo disputa por três cabeças (grupos): Aécio Neves (pré-candidato a presidente 2014 - PSDB mineiro); Serra (que sonha em vir como candidato a presidente em 2014 – PSDB paulista) e; Geraldo Alckimin (atual governador – PSDB paulista). Alckimin não quer reproduzir a prática de Serra de não dialogar com o governo federal, quer ter um canal de diálogo aberto com Brasília vislumbrando os recursos do PAC.
Outra estratégia adotada pelo governador tucano tem sido neutralizar o discurso de prefeitos petistas da grande São Paulo. O discurso consiste de que o governo de São Paulo não dialoga com os problemas municipais (tal como foi a gestão Serra). Desde que assumiu, o governador Alckimin tem visitado os municípios petistas da Região Metropolitana de São Paulo e prometido investimentos. A pauta central tem sido o transporte público, sobretudo o ferroviário. Alckmin quer destacar sua gestão através deste eixo.
Com esta movimentação espera o seguinte: (1) criar uma rede de relacionamento com Brasília e com os municípios tornando-se uma liderança de projeção nacional. Em certa medida sabe que o enfrentamento direto com a gestão do governo federal, repetindo a estratégia de Serra, não lhe trará grandes resultados; (2) aumentar seu cabedal político eleitoral para a reeleição de 2014, vale ressaltar que não houve segundo turno em 2010 para governador por uma margem de 120 mil votos (algo em torno de 0,05% dos votos válidos). Portanto é um projeto de gestão pública em pleno desgaste e o Alckimin já percebeu isto, por isto a aproximação com os municípios; (3) tornar-se uma liderança plural, afastando-se do sectarismo do Serra e isolando o PSDB mineiro, leia-se Aécio Neves, a médio e longo prazo.
As eleições de 2012 traçará o cenário para 2014, promovendo uma recomposição das forças políticas no Brasil.
Heber Rocha
Novo modo para evitar perda de popularidade, meio que estratégico para próximos mandatos, mas acho que não adiantará muito. Esses caras deveriam abrir diálogos, não partidos!
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