28.8.11

O "velho" (ou o novo?) PSDB paulista

No dia 18 de agosto ocorreu um evento de lançamento do programa "Brasil sem miséria". O cerimonial contou com a presença de todos os governadores do sudeste e da presidente Dilma. Apresento aqui algumas percepções que tenho tido sobre a movimentação política dos tucanos no estado de São Paulo. Recomendo sobre o caso específico do lançamento de tal programa um excelente artigo na carta maior do professor da USP Wagner Iglecias intitulado  "A paternidade do Bolsa Família e a orfandade da velha classe média"
O que chamou atenção no lançamento desse programa "Brasil sem miséria", que seria mais um cerimonial de políticos de partidos diferentes sob a batuta do republicanismo em prol do combate a miséria, foi o fato do evento ter se tornardo um exemplo de como está as movimentações das forças políticas. Na atividade, o governador de São Paulo Geraldo Alckmin elogiou muito os programas de combate a pobreza, algo estranho, haja vista que o eleitorado Demo-tucano vê o programa como uma espécie de “bolsa esmola”. Além disso, chamou a atenção os fortes elogios que o tucano fez a presidente Dilma.
Alguns elementos devem ser levados em consideração sobre este (novo?) comportamento tucano. Há uma clara e objetiva falta de projeto político e, por conta disso, de discurso para se contrapor ao projeto implantado pelo governo Lula e em prosseguimento pela presidenta Dilma. O PSDB percebeu que as políticas sociais tornou-se algo fundamental na agenda e no debate público, por conta disso passou a defender, a despeito de sua base eleitoral paulista, programas sociais, tais como o Bolsa Família e o, agora, "Brasil sem miséria".
Além da falta de discurso de oposição, o governador Alckimin almeja se tornar uma liderança nacional do PSDB, que está sendo disputa por três cabeças (grupos): Aécio Neves (pré-candidato a presidente 2014 - PSDB mineiro); Serra (que sonha em vir como candidato a presidente em 2014 – PSDB paulista) e; Geraldo Alckimin (atual governador – PSDB paulista). Alckimin não quer reproduzir a prática de Serra de não dialogar com o governo federal, quer ter um canal de diálogo aberto com Brasília vislumbrando os recursos do PAC.
Outra estratégia adotada pelo governador tucano tem sido neutralizar o discurso de prefeitos petistas da grande São Paulo. O discurso consiste de que o governo de São Paulo não dialoga com os problemas municipais (tal como foi a gestão Serra). Desde que assumiu, o governador Alckimin tem visitado os municípios petistas da Região Metropolitana de São Paulo e prometido investimentos. A pauta central tem sido o transporte público, sobretudo o ferroviário. Alckmin quer destacar sua gestão através deste eixo.
Com esta movimentação espera o seguinte: (1) criar uma rede de relacionamento com Brasília e com os municípios tornando-se uma liderança de projeção nacional. Em certa medida sabe que o enfrentamento direto com a gestão do governo federal, repetindo a estratégia de Serra, não lhe trará grandes resultados; (2) aumentar seu cabedal político eleitoral para a reeleição de 2014, vale ressaltar que não houve segundo turno em 2010 para governador por uma margem de 120 mil votos (algo em torno de 0,05% dos votos válidos). Portanto é um projeto de gestão pública em pleno desgaste e o Alckimin já percebeu isto, por isto a aproximação com os municípios; (3) tornar-se uma liderança plural, afastando-se do sectarismo do Serra e isolando o PSDB mineiro, leia-se Aécio Neves, a médio e longo prazo.
As eleições de 2012 traçará o cenário para 2014, promovendo uma recomposição das forças políticas no Brasil.

Heber Rocha

Um comentário:

  1. Novo modo para evitar perda de popularidade, meio que estratégico para próximos mandatos, mas acho que não adiantará muito. Esses caras deveriam abrir diálogos, não partidos!

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