8.3.10

Dia Internacional das Mulheres – Comemorar ou Protestar?


O ano de 2010 marca o centenário do Dia Internacional da Mulher. A origem dessa data é triste, veio do fato de 129 operárias têxteis de Nova Iorque, em 1857, terem reivindicado redução da carga horária na fiação do algodão, plantado pelas negras escravas na África do Sul, e como resposta, terem seus corpos queimados juntos com a fábrica.

No dia 8 de Março de 1910, herdeiras de luta das operárias mortas se reuniram na II Conferência de Mulheres Socialistas, em Copenhagen, e organizaram a jornada internacional de lutas das mulheres e com direito a voto. A partir desta data ficou institucionalizado o 8 de Março como Dia Internacional da Mulher. 

Graças a Deus não estão mais queimando mulheres, entretanto, após cem anos de luta, o dia oito de março é usado muito mais para continuar a organização por defesa de direitos que para comemorar o respeito almejado. Em verdade, nua e crua, a marcha continua, pois a violência contra a mulher ainda assusta, de forma que é impossível não se falar nessas tristes estatísticas, que envergonham e nos fazem refletir sobre a importância da eliminação do preconceito e violência de gênero.

Segundo a Sociedade Mundial de Vitimologia (Holanda), que pesquisou a violência doméstica em 138 mil mulheres de 54 países, 23% das mulheres brasileiras estão sujeitas à violência doméstica.

No Brasil, a cada 4 (quatro) minutos uma mulher é agredida em seu próprio lar, por uma pessoa com quem mantém uma relação de afeto. As estatísticas disponíveis e os registros nas Delegacias Especializadas de Crimes contra a Mulher demonstram que 70% dos incidentes acontecem dentro de casa e que o agressor é o próprio marido ou companheiro.

Mais de 40% das violências resultam em lesões corporais graves decorrentes de socos, tapas, chutes, amarramentos, queimaduras, espancamentos e estrangulamentos. O Brasil é o país que mais sofre com a violência doméstica, perdendo 10,5% do seu PIB (Produto Interno Bruto), com conseqüências negativas na economia, nos custos para o sistema de saúde, polícia e Poder Judiciário.

Algumas mulheres se calam, outras são caladas, mas muitas conseguem se fazer ouvidas, apesar das situações negativas, contra o preconceito e simplesmente desprezando a concepção de sexo frágil, elas avançam, firmes e fortes.

Atualmente no Brasil, a maioria das famílias são chefiadas por mulheres, verdadeiras guerreiras que lutam diariamente, dentro e fora de casa. Em 2006, mais uma conquista chegou até as mulheres, foi a Lei 11.340/06 (lei Maria da Penha) que trata de forma diferenciada a questão da violência doméstica e sexual contra a mulher.

Mulheres estão definitivamente no cenário social, seja no mercado de trabalho, como operárias ou executivas, seja liderando o cenário político, sendo profissionais liberais, professoras, donas de casa e tantas outras com pequenos papéis, mas não menos importantes para cada uma de nós.

Esperamos não precisar de mais cem anos, para começar a realmente comemorar o Dia das Mulheres. De todo modo, é bom que ecoe nos ouvidos machistas que as dificuldades não nos intimida; as vitórias nos encorajam e nossa união nos fortalece. Continuaremos a luta iniciada em 1910, mantendo nosso maior destaque, que é o de ser mulher, com todas as fraquezas e virtudes que um ser sublime carrega em sí.


Eliane Rodrigues Araujo
Advogada –Pós Graduanda
Bacharel em Ciências Jurídicas pela Universidade São Francisco


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